Fluoxetina

fluoxetina chegou ao mercado em 1986, com o nome comercial de Prozac.

Produzido pelo laboratório Eli Lilly, o medicamento ficou conhecido como “pílula da felicidade”, representando uma revolução na categoria de antidepressivos.

Em 2001, quando a patente do Eli Lilly expirou, os genéricos elevaram a popularidade da fluoxetina que, até então, já havia sido prescrita para mais de 40 milhões de pessoas.

Seu uso é recomendado para diversos tratamentos e, como um de seus efeitos colaterais é diminuir o apetite, algumas pessoas o buscam como remédio para emagrecer.

Mas será adequado para esse objetivo? Quais seus reais efeitos? Para que serve? Quem pode usar e se beneficiar da fluoxetina?

Saiba a resposta para essas e outras dúvidas no texto a seguir.

Qual a função da fluoxetina?

O medicamento age no cérebro, aumentando os níveis de serotonina — neurotransmissor que regula o humor, o bem-estar, o sono, o apetite e a concentração, dentre outras funções.

Administrada em gotas ou comprimidos, a fluoxetina atua em transtornos cujos sintomas apontam, justamente, o desequilíbrio na produção de serotonina.

Dessa forma, o medicamento demonstra efeitos positivos no tratamento de:

  • depressão;
  • ansiedade;
  • bulimia;
  • transtorno obsessivo-compulsivo (TOC);
  • síndrome do pânico;
  • transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), incluindo tensão pré-menstrual (TPM);
  • disforia.

Após 6 ou 8 horas, a fluoxetina atinge sua concentração máxima no organismo. Porém, para que surta efeito terapêutico, a recomendação é que o medicamento seja utilizado diariamente, sendo esperado que seus efeitos se tornem evidentes depois de um período que varia entre 2 e 6 semanas.

Fluoxetina vs. Terapia

Diversos estudos apontam para um sucesso maior do tratamento quando ocorre a combinação de sessões de psicoterapia e administração de medicamentos.

Os resultados de uma pesquisa americana reforçam que a melhor forma de combater a depressão é aliar antidepressivos com sessões de terapia cognitiva comportamental, em comparação com tratamentos baseados unicamente em medicamentos. Segundo o estudo, o método combinado é até 30% mais eficaz do que o uso isolado do remédio.

O estudo, que avaliou 452 adultos com depressão, mostrou que os participantes que, durante o tratamento, utilizaram medicação combinada com a terapia se saíram melhor. Ou seja, recuperaram-se mais rapidamente e foram menos propensos a abandonar o tratamento ou a sofrer uma recaída após o fim da terapia.

De acordo com o psiquiatra Steven Hollon, os antidepressivos atuam em uma determinada parte do cérebro, regulando a atividade da região onde as emoções são geradas. Já a terapia cognitiva trabalha a outra parte do cérebro, o córtex pré-frontal, aumentando o controle que um paciente tem sobre suas emoções. Por essa razão, o sucesso do tratamento é tão maior quando ocorre a combinação da psicoterapia com a intervenção medicamentosa.

Portanto, se você recebeu a indicação de uso da fluoxetina e ainda não faz terapia, recomendamos que você procure um psicólogo! Essa é uma decisão que terá um impacto grande no combate da depressão e também de outros transtornos como a ansiedade.

Como tomar a fluoxetina?

O medicamento exige prescrição médica. Pode começar em 10 mg e chegar a dose máxima de 80 mg por dia. Para alterar a posologia, haverá acompanhamento das reações do paciente, ajustando-a até chegar ao efeito esperado.

Como não existe interação entre o remédio e alimentação, pode-se tomá-lo a qualquer hora do dia, em dose única ou fracionada — no caso de recomendações acima de 20 mg.

Para idosos, a dose prescrita costuma ser baixa, entre 10 e 20 mg.

Quais os nomes comerciais da fluoxetina?

Além do original, Prozac (laboratório Eli Lilly) e dos genéricos (assinalados com a letra G), o cloridrato de fluoxetina é encontrado com os nomes de:

  • Daforin (Sigma Pharma);
  • Deprax (Aché);
  • Depress (União Química);
  • Eufor (Farmasa);
  • Fluox (Theraskin);
  • Fluxene (Eurofarma);
  • Nortec (Ativus);
  • Psiquial (Merck);
  • Verotina (Libbs).

Quais são os efeitos colaterais da fluoxetina?

Os efeitos colaterais costumam se manifestar nas duas primeiras semanas do uso, em função da alteração abrupta nos níveis de serotonina. Como são resultados da adaptação do organismo, podem variar de pessoa para pessoa.

As ocorrências mais comuns, nesses primeiros dias de uso, são:

  • perda de apetite;
  • sonolência;
  • dor de cabeça;
  • insônia;
  • ansiedade;
  • fraqueza;
  • náusea;
  • diarreia;
  • dor de estômago;
  • redução da libido;
  • retardo na ejaculação;
  • impotência sexual;
  • tremores;
  • nervosismo;
  • irritabilidade;
  • agitação.

Outros efeitos colaterais, menos frequentes, são:

  • visão turva;
  • calafrios;
  • boca seca;
  • vertigem;
  • palpitações e pulsação acelerada;
  • alteração do paladar;
  • sonhos estranhos ou pesadelos;
  • vômitos;
  • nariz entupido;
  • dor de garganta;
  • sangramentos e hemorragias ginecológicas;
  • suor em excesso;
  • erupções e/ou coceira na pele;
  • ondas de calor ou rubor;
  • bruxismo;
  • rigidez muscular;
  • ataques de pânico;
  • alucinações;
  • convulsões;
  • pensamentos suicidas;
  • confusão mental;
  • zumbidos;
  • prisão de ventre.

Quanto tempo dura o efeito da fluoxetina?

Seu efeito atinge o auge após 6 a 8 horas da administração. Porém, como já informamos, apenas com o uso contínuo os resultados terapêuticos são evidenciados.

É importante não interromper o tratamento em função de efeitos colaterais — a não ser que sejam muito severos, o que deve ser comunicado ao médico, que substituirá a medicação ou diminuirá a dosagem.

Também não é possível fazer um consumo pontual, ou seja, apenas quando sentir algum incômodo maior relacionado aos transtornos que levaram à prescrição. Isso pode agravar os problemas preexistentes.

Após um período de tratamento, a fluoxetina demora um tempo para ser totalmente eliminada do organismo. Mais precisamente, a meia-vida de eliminação da fluoxetina é de 4 a 6 dias e a de seu metabólito ativo é de 4 a 16 dias.

Essa relação da meia-vida pode trazer um efeito positivo, pois, ao parar de tomar o remédio, a pessoa não sofrerá o efeito colateral da pausa, que implicaria em desequilíbrio súbito do nível de serotonina.

Todavia, para aqueles que não se adaptarem ao ativo, a meia-vida prolongada pode representar um problema, pois seus efeitos persistirão por alguns dias, sendo necessário tolerá-los.

A fluoxetina é segura?

É importante alertar que a fluoxetina tem grande interação medicamentosa, sendo necessário obter orientação médica precisa. Menores de 18 anos, grávidas e lactantes contarão com recomendações igualmente específicas.

Uma dúvida frequente recai sobre o consumo concomitante de fluoxetina e álcool. Essa combinação é altamente desaconselhável.

Como o medicamento e a bebida alcoólica atuam sobre o sistema nervoso central, os efeitos de ambos podem ser potencializados, resultando em alteração da consciência, crises de ansiedade, convulsões e sonolência, dentre outros mal-estares perigosos.

Quando a medicação não é recomendada?

A fluoxetina deve ser usada com cuidado — ou não administrada — nos casos em que os pacientes apresentem quadros de:

  • diabetes;
  • histórico de convulsões ou epilepsia;
  • elevada pressão intraocular ou que tenham risco de glaucoma de ângulo estreito agudo;
  • cirrose;
  • arritmia;
  • histórico de abuso de drogas ou pensamentos suicidas;
  • doença renal;
  • crianças com menos de 7 anos;
  • mulheres grávidas ou amamentando (salvo com orientação médica específica).

Quais as principais interações medicamentosas a ser evitadas?

Dentre os remédios que não devem ser usados em conjunto à fluoxetina, podemos listar:

  • ácido acetilsalicílico;
  • alprazolam;
  • anti-inflamatórios não estereoidais;
  • carbamazepina;
  • clozapina;
  • desipramina;
  • diazepam;
  • fenelzida;
  • fenitoína;
  • haloperidol;
  • imipramina;
  • isocarboxazida;
  • lítio;
  • moclobemida;
  • rasagiline;
  • selegiline;
  • tranilcipromina;
  • medicamentos que são metabolizados por um subgrupo específico de enzimas produzidas pelo fígado;
  • medicamentos que se ligam a proteínas plasmáticas;
  • erva-de-são-joão.

O médico pode receitar fluoxetina para ansiedade?

Sim, o medicamento se mostra bastante satisfatório no tratamento de transtornos de ansiedade.

O único porém, nesses casos, é que no tempo de adaptação ao remédio, o ansioso pode ter alguns de seus sintomas agravados, já que o aumento de serotonina pode deixá-lo mais agitado. Portanto, a supervisão médica é imprescindível.

A fim de promover uma adequação mais confortável, é normal que as doses iniciais sejam bastante baixas.

Com o uso regular, a ansiedade tende a ser controlada, promovendo benefícios como:

  • melhora no humor;
  • aumento de disposição;
  • sensação de bem-estar;
  • melhora na qualidade e regularidade do sono;
  • maior facilidade para concentração e atenção.

Se você está fazendo uso de fluoxetina para ansiedade, recomendamos que você conheça nossa trilha de ansiedade. Trata-se de uma trilha de conteúdo gratuita, com dicas de respiração, técnicas de meditação e outras recomendações para que você aprenda a lidar com a ansiedade.

Fluoxetina emagrece?

A perda de peso é um dos efeitos associados à fluoxetina e, de fato, ele pode ocorrer. Não porque seja um remédio voltado para essa finalidade. Mas em virtude do controle da ansiedade que ele promove.

Além disso, como falamos ao listar os efeitos colaterais, pode ocasionar uma alteração no apetite. Para quem sofre com episódios de gula ou compulsão alimentar, essa decorrência traz benefícios.

Contudo, a atuação da fluoxetina só é efetiva quando se objetivam tratamentos de transtornos mentais. Até mesmo porque a possível perda de apetite, quando ocorre, é amenizada com o transcorrer do tempo.

O efeito esperado é que a serotonina auxilie no equilíbrio da alimentação, pois, com o bem-estar em ordem, o paciente deve consumir o que precisa para se manter saudável — sem excessos para mais ou para menos.

Portanto, se você se interessou pela fluoxetina porque lhe foi sugerida como emagrecedor, esqueça. Inclusive, vale ressaltar que, administrada com propósito equivocado, pode acabar engordando ou, no mínimo, ocasionando o efeito sanfona.

Outras vantagens e informações

  • É um antidepressivo mais seguro, com efeitos colaterais mais amenos, em relação aos seus predecessores.
  • Não há um tempo máximo para o uso do remédio, sendo o acompanhamento médico imprescindível para garantir a posologia correta.
  • Não causa dependência, embora sua descontinuação exija alguns cuidados e supervisão médica. A probabilidade é que a dose seja diminuída, aos poucos, pois a pausa repentina poderia prejudicar o equilíbrio da produção de serotonina.
  • Como tem uma meia-vida longa, caso o paciente esqueça de uma dose, não enfrentará maiores problemas.
  • Não interfere no efeito de pílulas anticoncepcionais.
  • Não deve ser utilizado em combinação a outros antidepressivos, sendo necessária uma pausa mínima de 14 dias para substituição do tratamento.
  • Pode ser usado por crianças, com idade superior a 8 anos, diagnosticadas com depressão.

É fundamental enfatizar que apenas uma criteriosa avaliação médica determinará se o uso da fluoxetina, ou qualquer outro medicamento, é recomendado para o paciente.

Independente do tratamento farmacológico, em casos de depressão, ansiedade, TOC, bulimia e outros transtornos mentais, a psicoterapia é altamente indicada.

Além disso, lembre que um estilo de vida saudável é determinante para o sucesso de tratamentos dos mais diversos distúrbios. Portanto, procure:

  • manter uma alimentação balanceada;
  • realizar atividades físicas prazerosas;
  • investir em momentos de lazer;
  • desenvolver um hobby que ajude a aliviar o estresse diário;
  • buscar uma rotina adequada para as horas de sono;
  • manter distância de bebidas alcoólicas e uso de drogas;
  • aprender técnicas de respiração e meditação.

Enfim, combine aos medicamentos e terapias a sua postura positiva e comprometida com resultados, obtendo significativa melhora em sua qualidade de vida.